domingo, 20 de fevereiro de 2011

José do Egito e a importância dos Escribas no Egito Antigo

Devemos entender que o desenvolvimento da agricultura e as obras hidráulicas desenvolvidas nas margens do rio Nilo foram responsáveis pelo crescimento populacional e a formação de um Estado organizado. Com isso surge a necessidade do controle da produção de alimentos, das obras de irrigação e é nesse momento que vai ter inicio a escrita.
O próprio Faraó dependia dos levantamentos realizados pelos escribas, classe responsável pela escrita e registro de dados, para garantir seu poder político e controlar não só obras e plantio, mas também uma sociedade com diferentes classes sociais, e é justamente daí que costuma-se dizer que "os escribas eram os olhos e ouvidos do faraó"


A História de José do Egito trata sobre um hebreu vendido como escravo pelos irmãos invejosos aos egípcios e por ter o dom de desvendar sonhos consegui ascender de escravo a administrador do Faraó, mas muito além de uma questão religiosa a passagem bíblica que trata de sua história nos mostra a importância do trabalho dos escribas no Egito antigo.
Vejamos abaixo como se dá o relato bíblico e como podemos relacioná-lo com a História egípcia.

De acordo com a Bíblia:

" Então, contou Faraó a José: No meu sonho, estava eu de pé na margem do Nilo, e eis que subiam dele sete vacas gordas e formosas à vista e pastavam no carriçal.

Após estas subiam outras vacas, fracas, mui feias à vista e magras; nunca vi outras assim disformes, em toda a terra do Egito.
E as vacas magras e ruins comiam as primeiras sete gordas; e, depois de as terem engolido, não davam aparência de as terem devorado, pois o seu aspecto continuava ruim como no princípio. Então, acordei.
Depois, vii em meu sonho, que sete espigas saíam da mesma haste, cheias e boas; após elas nascerem sete espigas secas, mirradas e crestadas do vento oriental.
As sete espigas mirradas devoravam as sete espigas boas." (Gên. 40: 17-24)

O relato acima foi interpretado do José como as sete vacas gordas e espigas gordas sendo exatamente sete anos de fartura, enquanto as vacas e espigas magras seriam sete anos de seca. Até aqui percebemos um lado bem místico da história contudo as orientações de José ao Faraó apresentam um auto grau de racionalidade, acompanhem:
"... escolha Faraó um homem ajuizado e sábio e o ponha sobre a terra do Egito.
Faça isso Faraó, e ponha administradores sobre a terra, e tome a quinta parte dos frutos da terra do Egito nos sete anos de fartura.
Ajuntem os administradores toda a colheita dos bons anos que virão, recolham cereal debaixo do poder de Faraó, para mantimento nas cidades, e o guardem.
Assim o mantimento será para abastecer a terra nos sete anos da fome que haverá no Egito; para que a terra não pereça de fome." (Gên. 40: 33-36)

Percebam como as indicações de José demonstram organização ao indicar a necessidade de se guardar "a quinta parte dos frutos da terra", portanto o Egito deveria fazer ainda melhor o que já conhecia, organizar a produção e armazenamento de seus alimentos
Mas nos perguntamos, como saber qual é a quinta parte? Quem já contribuiu com a quinta parte? O armazenamento deveria ser feito durante sete anos para garantir suprimento de alimento para os sete anos de seca, portanto como garantir que o alimento não ficaria podre? E nos sete anos de seca como controlar a distribuição de alimento?

As perguntas são várias, e a resposta a todas que foram levantadas acima é uma: os problemas seriam contornados com organização, através da escrita.

Em outro trecho da Bíblia Jacó pai de José pede que seus outros filhos viagem ao Egito em busca de alimentos, pois era sabido que no Egito o alimento abundava (e isso se dava justamente durante os anos de escassez). Percebemos assim que o controle do alimento e da produção pelos escribas era tanto que o alimento ficou garantido aos egípcios de tal forma que lhes foi permitido inclusive distribuir a outros povos.

Com esse relato vemos a ligação entre a História que estamos habituados a encontrar em livros didáticos e sua interligação com outra fonte, no caso a Bíblia. 

Escriba: responsável pelo registro e controle da produção de 
alimentos e obras auxiliando na administração do Egito Antigo.




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